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Museveni alerta para “guerras futuras” caso Quénia não garanta acesso permanente ao Oceano Índico

O presidente de Uganda, Yoweri Museveni, voltou a gerar polémica na região dos Grandes Lagos após declarar que o seu país tem “direito histórico e estratégico” de aceder ao Oceano Índico através do território do Quénia, alertando que a falta de garantias permanentes poderá provocar “guerras futuras” entre os dois países.

As declarações, feitas durante um encontro público em Kampala, reabriram o debate sobre a dependência de Uganda dos portos quenianos de Mombaça e Lamu para as suas exportações e importações. Uganda, país sem litoral, depende quase totalmente das infra-estruturas do Quénia para o comércio externo.

Museveni afirmou que a região deve evitar conflitos desnecessários no futuro, defendendo que o acesso aos portos deve ser tratado como uma obrigação geoestratégica permanente, e não apenas como um acordo político temporário. “Precisamos de garantias que não mudem com governos ou crises. Caso contrário, no futuro alguém pode querer bloquear o nosso acesso, e isso pode levar a guerras”, disse o chefe de Estado.

O Governo queniano reagiu de forma cautelosa, garantindo que nunca impediu nem pretende impedir o acesso ugandês ao mar, sublinhando que o Quénia cumpre as convenções internacionais que asseguram corredores logísticos para países sem saída para o oceano.

Especialistas em relações regionais afirmam que o discurso de Museveni mistura preocupação legítima com retórica política. O acesso ao mar é, de facto, vital para a economia ugandesa, mas a hipótese de conflito armado é considerada pouco provável, dado o nível de interdependência económica e diplomática entre Nairobi e Kampala.

Ainda assim, as declarações aumentam a tensão numa região onde disputas territoriais e logísticas já provocaram conflitos no passado. Analistas defendem que os países da África Oriental precisam de acordos mais sólidos e permanentes sobre corredores de transporte, evitando que mudanças políticas internas transformem questões económicas em potenciais crises de segurança.

O tema deverá ser novamente discutido no seio da Comunidade da África Oriental (EAC), que tenta reforçar a integração económica e reduzir vulnerabilidades que estimulam este tipo de tensões.

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