
Maputo, 2 de Dezembro de 2025 – O Conselho de Ministros exonerou esta segunda-feira Élio Jonasse do cargo de Presidente do Conselho de Administração (PCA) da Televisão de Moçambique (TVM), empresa pública de radiodifusão, devido à caducidade do seu contrato.
A decisão foi anunciada em comunicado oficial do Governo, sem que tenham sido avançadas razões adicionais para a medida.
No mesmo comunicado, o Conselho de Ministros aprovou a nomeação de Victor Filipe Sinai Nhatitima para o lugar de PCA da TVM. Nhatitima assume imediatamente a liderança do canal público.
Élio Jonasse ocupava o cargo desde Dezembro de 2021, tendo sido nomeado pelo anterior Presidente, Filipe Nyusi. Durante a sua gestão, a TVM enfrentou desafios financeiros recorrentes, críticas à programação e debates sobre a modernização da emissora estatal.
Victor Filipe Sinai Nhatitima, de cerca de 50 anos, é uma figura de destaque no sistema judicial moçambicano. Licenciado em Ciências Jurídico-Políticas e mestre na mesma área, ele serviu como Juiz Conselheiro do Tribunal Supremo desde 2012, onde atuou como relator em processos de alto perfil, incluindo recursos civis e penais. Anteriormente, foi Procurador-Geral da República, porta-voz do Tribunal Supremo e docente de Ciência Política e Direito Constitucional no Instituto Superior de Ciência e Tecnologia de Moçambique.
Em 2020, Nhatitima foi eleito para presidir o Tribunal Administrativo da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), um reconhecimento internacional das suas competências em justiça regional. No ano passado, criticou publicamente o modelo de nomeações presidenciais para titulares de justiça, argumentando que isso compromete a independência do sector.
A transição para a TVM representa uma mudança notável na carreira de Nhatitima, que agora passa do âmbito judicial para a gestão de um órgão de comunicação social estatal. Analistas veem nesta nomeação uma estratégia do Governo de Daniel Chapo para reforçar a credibilidade institucional da TVM, num momento de reestruturações no sector público imparcial.
A mudança ocorre num contexto de preparação para as eleições autárquicas de 2028, com a TVM a assumir um papel central na cobertura noticiosa nacional. Até ao momento, nem o Conselho de Ministros nem a administração da TVM emitiram declarações adicionais sobre a transição ou planos imediatos para a emissora.
