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Sex. Jun 6th, 2025

Zanu-PF Recrutou Zimbabuanos para Fraudar Eleições em Moçambique, Revela Investigação

Masvingo, Zimbábue – Uma investigação conduzida pelo Masvingo Mirror revelou que o partido governante do Zimbábue, Zanu-PF, organizou um esquema em larga escala para recrutar cidadãos zimbabuanos a votarem ilegalmente nas eleições presidenciais de Moçambique em outubro de 2024, em apoio ao partido Frelimo, no poder. 

As evidências, coletadas ao longo de meses, mostram que militantes do Zanu-PF registraram centenas de zimbabuanos como eleitores moçambicanos, emitindo documentos de identidade falsos e coordenando o voto em troca de benefícios como viagens comerciais e proteção política. 

Fraude em Plena Luz do Dia 

Os jornalistas infiltraram-se em postos de registro em Nemanwa, província de Masvingo, onde filas de zimbabuanos aguardavam para receber cartões eleitorais moçambicanos. Em um dos casos, uma funcionária do Zanu-PF explicou: “Vocês serão chamados para reuniões do partido para receber instruções sobre como ajudar a Frelimo a vencer.” 

Apesar de Moçambique permitir votação no exterior para sua diáspora, os entrevistados admitiram não ter ligação com o país. “Nunca pisei em Moçambique, mas votei porque me prometeram um cartão para comerciar sem visto“, contou LK, uma das 20 pessoas ouvidas pela reportagem. 


A Aliança Secreta Entre Zanu-PF e Frelimo

A fraude expõe os laços históricos entre os dois partidos, que remontam às guerras de libertação africanas. Meses antes da eleição, o candidato da Frelimo (e atual presidente), Daniel Chapo, visitou Harare e elogiou a “experiência eleitoral” do Zanu-PF. 

Mas o apoio foi além do discurso: documentos internos e relatos de militantes confirmam que o Zanu-PF mobilizou eleitores em troca de recompensas. GM, que já havia votado em 2019, revelou que a Frelimo financiou viagens de compras em Chimoio para zimbabuanos. “Trouxemos roupas usadas para revender. Queria repetir a oportunidade”, disse. 


Negação e Repressão

Questionado, o porta-voz do Zanu-PF, Chris Mutsvangwa, inicialmente alegou que os envolvidos eram “cidadãos duais”, mas depois desdenhou: “A eleição acabou. Chapo já recebeu até US$ 4,5 bilhões de Trump. Por que revirar o passado?” 

Enquanto isso, em Moçambique, o resultado contestado gerou protestos violentos, com mais de 300 mortos. A oposição acusa Chapo de ser um “presidente nomeado”. “Nossa reportagem prova que a fraude foi real”, afirma Mondlane, líder oposicionista. 

Impacto Internacional

A investigação, apoiada pela União Europeia, levanta questões sobre a legitimidade do governo moçambicano e a cumplicidade do Zimbábue. Enquanto a Frelimo nega as acusações, os fatos sugerem que a democracia na região está sob ameaça de esquemas transnacionais. 

Texto Por Walter Marwizi e Garikai Mafirakureva

Investigado por MozToday

Créditos:
Esta reportagem foi produzida pelo Southern Africa Accountability Journalism Project (SA | AJP), da Fundação Henry Nxumalo.

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