Dom. Jun 1st, 2025

Alemanha vai ajudar Ucrânia a produzir mísseis de longo alcance sem restrições

A Alemanha anunciou esta terça-feira que irá apoiar a Ucrânia no desenvolvimento conjunto de mísseis de longo alcance, numa decisão que marca uma viragem significativa na política de defesa alemã face à guerra em curso contra a Rússia. O anúncio foi feito durante a visita oficial do presidente ucraniano Volodymyr Zelenskyy a Berlim, onde se reuniu com o chanceler alemão Friedrich Merz.

Segundo Merz, a cooperação militar irá incluir não só o fabrico conjunto de mísseis, como também a ausência de restrições quanto ao seu uso geográfico, abrindo caminho para que armamento produzido com apoio alemão possa ser utilizado em território russo.

“É do nosso interesse apoiar a Ucrânia com todos os meios necessários para garantir a sua soberania. Isso inclui capacidades de defesa e ataque de longo alcance”, afirmou o chanceler em conferência de imprensa conjunta com Zelenskyy.

Além do apoio tecnológico e industrial, a Alemanha comprometeu-se com um novo pacote de ajuda militar no valor de 5 mil milhões de euros, elevando o seu contributo total para a defesa ucraniana a níveis sem precedentes entre os países europeus. Parte do novo financiamento será destinada à construção de infraestruturas de produção de armamento na Ucrânia, como drones e mísseis, com o objetivo de reforçar a sua autossuficiência militar.

Zelenskyy agradeceu o apoio alemão e sublinhou a importância de reforçar a produção doméstica de armamento, alertando que o país precisa de cerca de 30 mil milhões de dólares para expandir significativamente as suas capacidades industriais de defesa. “Esta é uma questão de sobrevivência, mas também de estabilidade para toda a Europa”, disse o presidente ucraniano.

A decisão de Berlim alinha-se com movimentos recentes de países como o Reino Unido e a França, que também passaram a autorizar o uso de armamento por Kiev em solo russo. Contudo, a Alemanha ainda não confirmou se irá enviar os mísseis de cruzeiro Taurus, cuja entrega continua em debate político interno.

A medida deverá provocar fortes reações por parte de Moscovo, que considera qualquer ataque em seu território como uma escalada do conflito. Ainda assim, o chanceler alemão deixou claro que a Alemanha “não cederá à chantagem russa” e que a Ucrânia tem o direito de se defender com todos os meios disponíveis.

Esta nova fase da cooperação militar entre Berlim e Kiev poderá marcar um ponto de viragem no equilíbrio de forças no conflito, à medida que a Ucrânia se prepara para uma nova vaga de ofensivas russas previstas para o verão.

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