
O clima político aqueceu na capital moçambicana após declarações explosivas do porta-voz dos ex-guerrilheiros da RENAMO. Esta quinta-feira, o representante acusou publicamente a Unidade de Intervenção Rápida (UIR) de ter recorrido a balas reais durante uma intervenção que resultou no ferimento de dois cidadãos.
“A UIR disparou balas reais contra o nosso povo. Isso não é apenas abuso de poder, é desumanidade. Estamos perante uma polícia politicamente instrumentalizada”, declarou o porta-voz, referindo-se a uma operação levada a cabo na cidade de Maputo.
No mesmo pronunciamento, lançou duras críticas ao líder da RENAMO, Ossufo Momade, acusando-o de estar “alinhado com a FRELIMO”, o partido no poder. “Momade traiu a causa. Está do lado daqueles que oprimem os desmobilizados. Não nos representa”, afirmou.
A tensão entre a ala dos antigos combatentes da RENAMO e a atual liderança partidária tem vindo a intensificar-se, especialmente após o processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR), que muitos dizem ter deixado os ex-guerrilheiros ao abandono.
Neste contexto, 57 desmobilizados serão ouvidos em tribunal ainda hoje. As acusações formais não foram tornadas públicas, mas sabe-se que o processo está relacionado com manifestações recentes e episódios de confrontos com as forças da ordem.
Este novo episódio de tensão em Maputo poderá agravar o já frágil equilíbrio político no país, especialmente numa altura em que persistem denúncias de repressão contra opositores e desmobilizados.