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Seg. Jun 9th, 2025

CECOT: Dentro da maior prisão do mundo e a guerra implacável contra as gangues em El Salvador

Localizado em Tecoluca, a cerca de 70 km da capital San Salvador, o Centro de Confinamento do Terrorismo (CECOT) é hoje a maior prisão do mundo, projetada para abrigar até 40 mil detidos, principalmente membros de gangues criminosas. O complexo foi inaugurado em fevereiro de 2023 pelo governo salvadorenho do presidente Nayib Bukele, como parte de uma estratégia radical para conter a escalada da violência provocada por organizações como a MS-13 e a 18 Street, que há décadas assolam o país.

Por que o CECOT foi construído?

El Salvador enfrenta uma das maiores taxas de homicídios do mundo, em grande parte devido ao poder e influência das gangues dentro do sistema prisional. As ordens para crimes, extorsões e assassinatos muitas vezes partem das próprias cadeias, onde líderes mantêm controlo sobre membros por meio de comunicação interna e subornos. Para romper essa rede criminosa, o governo decidiu criar um sistema de confinamento extremo, isolando os criminosos mais perigosos em um espaço único, onde o contato com o exterior e entre os presos fosse severamente restringido.

Quem construiu o CECOT?
O projeto foi construído em tempo recorde — em menos de um ano — por empresas nacionais e internacionais especializadas em segurança e engenharia penitenciária, sob supervisão direta do Ministério da Justiça de El Salvador e das Forças Armadas. O investimento público envolveu recursos significativos para erguer um complexo com muros altos, cercas elétricas, 19 torres de vigilância, além de tecnologias avançadas para controle e monitorização.

Como é a vida dentro do CECOT?
As condições são duras. As celas, com cerca de 91 metros quadrados, abrigam vários detidos, reduzindo o espaço pessoal para menos de 0,6 metro quadrado por preso — um valor muito abaixo do recomendado por organismos internacionais. O isolamento é extremo: os detidos só podem sair das celas 30 minutos por dia para se movimentarem num corredor estreito, sem acesso a áreas ao ar livre, recreação ou convívio social.

Alimentação, cuidados médicos e higiene são criticados por organizações de direitos humanos, que apontam para negligência e violações constantes. Para os presos, a rotina é de silêncio, privação e vigilância rigorosa, com pouco contato com familiares ou advogados.

Dentro das celas, as camas são de ferro sem nenhuma almofada.
Fora da prisão


Polémicas e críticas
Enquanto o governo salvadorenho vê o CECOT como um avanço fundamental na luta contra o crime organizado, organizações internacionais como a Human Rights Watch denunciam o centro como uma “cela de concreto e aço” que viola direitos humanos básicos. As condições desumanas e o confinamento quase total podem agravar traumas, dificultar a reintegração social e alimentar ciclos de violência.

Impacto na segurança pública
Desde a inauguração, o CECOT tem recebido milhares de detidos, incluindo grandes líderes de gangues transferidos em massa para o local. As autoridades relatam queda significativa nos índices de homicídios, atribuindo isso ao isolamento dos criminosos e à interrupção das ordens criminosas de dentro das prisões.

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