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De motoristas, técnicos e estudantes a atletas de elite: a vida improvável dos jogadores do Auckland City goleados pelo Bayern

CINCINNATI – Ontem à noite, sob os refletores do Mundial de Clubes da FIFA, o mundo assistiu a um confronto desigual: o gigante alemão Bayern de Munique venceu por 10–0 o modesto Auckland City FC, da Nova Zelândia. Mas para os jogadores neozelandeses, a verdadeira história não está no resultado, mas na jornada improvável que os levou até ali.

A equipa do Auckland City é composta, em grande parte, por jogadores semi-profissionais, que dividem o amor ao futebol com profissões como operadores de empilhadoras, agentes imobiliários, técnicos de laboratório e estudantes universitários. Para muitos deles, participar neste torneio exigiu tirar férias do trabalho, adiar exames ou até renunciar rendimentos.

“Alguns de nós estavam a trabalhar em armazéns há dois dias. Estar a jogar contra o Bayern parece um sonho distante da realidade”, disse Liam Gillion, um extremo de 22 anos que ainda frequenta a universidade.

Orgulho e coragem contra um colosso

Apesar da derrota expressiva, a equipa orientada por Albert Riera entrou em campo com dignidade. Capitaneados por Angus Kilkolly, os jogadores sabiam que estavam diante de uma das melhores equipas do mundo, liderada por estrelas como Thomas Müller e Jamal Musiala.

O Bayern não abrandou. Com um ritmo demolidor, a equipa bávara marcou 6 golos na primeira parte e terminou com um hat-trick de Musiala, dois de Coman, dois de Olise, e tentos de Müller e Boey. Ao todo, foram 32 remates contra apenas 3 do Auckland.

Mas o resultado não apagou o espírito da equipa da Oceania.

“Não jogamos para ganhar títulos milionários. Jogamos porque amamos este desporto. Para nós, isto é como jogar uma final do mundo todos os dias”, afirmou o médio Ryan De Vries, que divide os treinos com um trabalho como representante comercial.

O outro lado do futebol global

O Auckland City venceu 13 edições da Liga dos Campeões da Oceania, dominando o seu continente, mas vive numa realidade financeira completamente distinta dos colossos europeus. Viajar até aos Estados Unidos foi, para muitos dos jogadores, um esforço logístico e económico tremendo.

“Estar aqui já é uma vitória. Representamos os que trabalham de dia e treinam à noite, os que não têm contratos milionários, mas têm coração e disciplina”, disse o treinador Riera.

Próximo desafio

A seguir, o Auckland defronta o Benfica, num jogo em que voltará a ser claramente outsider. Já o Bayern reforça o seu estatuto de favorito ao título com esta entrada avassaladora no torneio.

Mas para os heróis discretos do Auckland City, o mais importante já foi conquistado: a honra de levar o seu futebol e as suas histórias ao palco mais alto do desporto mundial.

 De motoristas, técnicos e estudantes a atletas de elite: a vida improvável dos jogadores do Auckland City goleados pelo Bayern

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