Qua. Abr 9th, 2025

Rússia anuncia maior convocação de recruta militar obrigatório dos últimos 14 anos

Diante de um dos momentos mais cruciais destes 1.134 dias de invasão da Ucrânia, quando negociações mediadas pelos EUA parecem obter avanços pontuais mas seguem longe de um desfecho, a Rússia anunciou a maior convocação de recrutas desde 2011, como parte de seu esforço para ampliar o contingente do país para até 1,5 milhão de militares

Segundo o decreto do Kremlin, emitido na segunda-feira, a meta é alistar 160 mil homens até meados de julho, como parte da rodada semestral de recrutamento para o serviço militar. O número é maior do que o registrado nos “alistamentos de primavera” de 2024, quando foram chamados 150 mil recrutas, e bem acima de 2022, primeiro ano da guerra, quando houve 134,5 mil alistados.

Nas redes sociais e em sites de oposição ao governo é possível encontrar “guias” para evitar o alistamento obrigatório, que vão desde um pedido prévio para prestar serviços comunitários — cada vez menos aceito — até cometer pequenos crimes, o que não é recomendado em hipótese alguma.

— As autoridades estão criando novas formas de repor o Exército — alertou o advogado de direitos humanos Timóteo Vaskin, em declarações a veículos independentes russos.

Um grande temor dos homens russos, que deixaram o país em números consideráveis desde a invasão da Ucrânia, é de serem enviados para as linhas de frente, embora as autoridades militares neguem isso de forma veemente — nos últimos anos, Kiev relatou ter capturado recrutas russos, e o presidente Vladimir Putin chegou a reconhecer que alguns deles foram parar em unidades de combate “por engano”.

Para aumentar o clima de incerteza, o vice-chefe do Departamento Principal de Organização e Mobilização do Estado-Maior Russo, vice-almirante Vladimir Tsimlyansky, disse à agência Tass que um terço deles “será enviado para treinamento de unidades e formações militares, onde, em um prazo de até cinco meses, aprenderão a operar equipamentos militares modernos e obterão uma especialidade militar.

— Após a conclusão do treinamento, eles serão enviados para as tropas em conformidade com as habilidades que adquiriram — disse o militar, sem detalhar se essas tropas atuariam na linha de frente na Ucrânia.

A meta de alistamento é a maior desde 2011, quando 200 mil homens foram chamados, e se encaixa nos planos anunciados por Putin no ano passado para elevar a até 1,5 milhão de homens o número de militares na ativa nas Forças Armadas — há três anos, quando seus tanques entraram na Ucrânia, a Rússia tinha um milhão de homens em suas linhas.

Nesta quarta-feira, o negociador russo Kirill Dmitriev chegou aos EUA para conversas com integrantes do governo de Donald Trump Trump, que incluem, além da guerra, passos para a normalização dos laços entre as duas maiores potências nucleares do planeta. Na semana passada, o novo embaixador russo em Washington, Alexander Darchiev, chegou à capital americana, e a expectativa é de que dezenas de diplomatas voltem aos seus postos.

Entenda: Saiba quais os termos da proposta dos EUA para cessar-fogo total no conflito entre Ucrânia e Rússia
Mas se os laços parecem sair de um gelo prolongado a passos rápidos, o mesmo não se pode dizer sobre um acordo para encerrar o conflito. Apesar de algumas concessões, como a promessa de não atacar infraestruturas de energia, o Kremlin tem feito exigências amplas, incluindo o fim das sanções e até a saída de Zelensky, para aceitar passos mais ousados.

No domingo, em uma reveladora entrevista à rede NBC, Trump disse que está “muito irritado” e “furioso” com Putin,e ameaçou impor novas tarifas e sanções contra ele.

— Se não for feito um acordo [de cessar-fogo entre Moscou e Kiev], e se eu achar que a culpa foi da Rússia, vou impor sanções secundárias à Rússia. Isso significa que, se você comprar petróleo da Rússia, não poderá fazer negócios nos EUA — disse Trump. — Haverá uma tarifa de 25% sobre o petróleo e outros produtos vendidos nos Estados Unidos, tarifas secundárias. O Globo

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