
A multinacional francesa TotalEnergies acaba de fazer história de forma negativa. A Justiça francesa condenou a gigante do sector energético por enganar o público com promessas ambientais falsas, numa decisão considerada inédita a nível mundial.
O Tribunal de Paris concluiu que a TotalEnergies praticou publicidade enganosa ao afirmar que pretendia alcançar a neutralidade carbónica até 2050, enquanto continuava a expandir as suas operações de petróleo e gás em diversas regiões do mundo. Segundo a sentença, as campanhas publicitárias criavam uma imagem ilusória de responsabilidade ambiental, prática conhecida como greenwashing ou “maquiagem verde”.
A acção judicial foi movida em 2022 por três organizações ambientais — Greenpeace France, Les Amis de la Terre e Notre Affaire à Tous — que acusaram a empresa de enganar consumidores e investidores com mensagens de sustentabilidade inconsistentes com as suas práticas reais.
O tribunal ordenou que a TotalEnergies suspenda imediatamente todas as campanhas consideradas enganosas, publique a decisão judicial no seu site oficial e pague uma indemnização simbólica de cerca de 8 mil euros às organizações autoras do processo, além das custas judiciais.
A decisão surge às vésperas da Conferência do Clima (COP30), que decorre entre 5 e 8 de Novembro, em Belém, no Brasil, e aumenta a pressão internacional sobre as grandes petrolíferas a adoptarem medidas ambientais concretas e transparentes.
A TotalEnergies tem forte presença em Moçambique, onde lidera o megaprojecto de exploração de gás natural liquefeito (GNL) na província de Cabo Delgado, avaliado em mais de 20 mil milhões de dólares — o maior investimento estrangeiro da história do país.
Apesar do potencial económico, o projecto tem sido alvo de críticas de ambientalistas e organizações da sociedade civil, que alertam para impactos ambientais, deslocamento de comunidades locais e riscos climáticos associados à exploração de combustíveis fósseis.
