Enquanto participa em Portugal do encontro dos Bispos dos países lusófonos, o Arcebispo Metropolitano de Nampula, Dom Inácio Saure, manteve-se firme como voz profética para a pátria moçambicana. Mesmo na diáspora, não deixou de alertar sobre a escalada de violência em Cabo Delgado, trazendo uma leitura que vai além da narrativa amplamente divulgada.
Em entrevista à rádio Renascença, Dom Inácio comentou que os ataques e decapitações recentes reacenderam o terror entre a população local, especialmente os cristãos, que têm sido alvos diretos de grupos radicais. Mas, segundo ele, reduzir o conflito apenas à perseguição religiosa é uma visão incompleta.
“Não há dúvida nenhuma que em Cabo Delgado há outros interesses, não é só a ameaça do radicalismo islâmico. É um dos pretextos. A meu ver isto tem a ver com a descoberta dos recursos naturais da zona”, afirmou o Arcebispo.
O lider da Igreja Católica em Nampula também comentou sobre a abordagem militar adotada pelo Governo, questionando a eficácia de uma solução meramente bélica. “Não é a solução. Nem que o exército estivesse armado até aos dentes”, reforçou, apontando para a necessidade de medidas mais profundas, sociais e humanas, que realmente garantam a segurança da população. RTE
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